terça-feira, 13 de julho de 2010

O frangaço

Apenas um por cento, isto mesmo, um por cento dos jogadores brasileiros de futebol recebem vencimentos superiores a R$3.000,00. Há ainda os que quase pagam para jogar. Geralmente, são pessoas que vêem de famílias humildes, de classe média baixa, onde a atenção da infância e da adolescência não ficou dividida com as obrigações acadêmicas de alguma escola particular da zona sul. Muitos deles crescem em favelas, ao lado de traficantes que na infância eram amigos inseparáveis, o que facilita a aceitação da vida de crimes por parte do ainda amigo, uma vez que estes hoje bem sucedidos jogadores entendem que seus antigos companheiros foram conduzidos ao crime, não tiveram oportunidades, e já eram seus amigos antes da fama e da fortuna, amando apenas o Adriano, mas não o imperador, por exemplo, o que os leva a enxergar apenas o Zezinho, mas não o “Zé-fuzil”

Famílias despreparadas para um mundo que não conheciam, cheio de glamour, luxo, posses, fama, dinheiro, pressões, falsidade, interesse, exposição excessiva, enfim, tudo na vida de um jogador milionário, acabam se desestruturando e bagunçando a cabeça do jogador. Quando eu digo famílias, é porque é comum dar uma casa para a mãe, a avó, e ter sobrinhos e primos como assessores acreditando estar seguro com pessoas que confiam. A partir daí surgem os problemas; Atropelamentos com mortes (Edmundo), prisão por pensão alimentícia (Romário), envolvimento com traficantes (Wagner Love e Adriano), isso sem mencionar os escândalos sexuais com travestis e casos extraconjugais. Até na Inglaterra, que inventou o esporte, vemos os escândalos, que até aqui não passaram da esfera sexual.

Do outro lado, temos as garotas deslumbradas com o luxo e dinheiro fácil que utilizam aquele que acreditam ser o único instrumento que têm de crescimento social, a beleza, (claro que ficam cegas e não enxergam outros meios), tornando-se freqüentadoras assíduas de festinhas particulares, não torcem para este ou aquele time, mas para um exame de sangue positivo e uma gravidez que garanta uma boa pensão. Nada mais são do que vítimas de uma sociedade que como disse, põe valores em segundo plano. Procuram, caçam, se oferecem, a homens que sequer notariam se as atendesse no balcão de uma loja, sem querer desmerecer a profissão de atendente, mas vamos combinar, não é nada comum vermos festas de balconistas que terminam em orgias com mulheres lindas...

É sempre bom deixar claro que trato a Eliza também como vítima, não só do assassinato, mas, daquilo que acreditava, ou era levada a acreditar. Nenhuma profissão, comportamento ou modo de vida deve servir de desculpa para o que aconteceu, embora seja comum trazer isto a tona como atenuantes em julgamentos.

Por fim, há os clubes, que preocupados com contratos milionários, esquecem-se que os pés dependem do cérebro, e a vida privada não pode mais ser totalmente desvinculada da vida fora dos gramados. Isso, por si só, já justificaria investimento em orientação psicológica e financeira, para o jogador e sua família.

O Flamengo perde um jogador que valia milhões, o futebol perde um campeão Brasileiro e o Brasil perde mais uma garota de programa, mas, esta última, temos de sobra.