segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Viva! É fim de ano!

Com a chegada das festas de fim de ano, todas as empresas ficam de olho no aquecimento da economia causado pelo aumento de consumo. É época de saldar dívidas, comprar aquilo que foi cobiçado o ano inteiro e quem sabe, fazer novas dívidas.Como já escrevi antes, o brasileiro em geral não sabe comprar e é muito emocional em suas atitudes. O marketing sabe disso e faz uso de todas as armas para atrair a atenção do consumidor.
A decisão de utilizar um piso escorregadio nos shopping centers, por exemplo, é em parte devido a decisões tomadas pelo departamento de marketing. Estética a parte, a grande maioria das pessoas que circula por lá é composta por mulheres, que por sua vez utilizam saltos, sendo assim obrigadas a andar devagar para não escorregar. Logo, passam mais tempo em frente a vitrines e compram mais. Os displays também utilizam a decoração de fim de ano com temas natalinos e de ano novo, o que incita o consumo de presentes, roupas novas e “lembrancinhas” explorando a sensibilidade do consumidor brasileiro.
A TV, outdoors, revistas e todas as formas de mídia e no mídia são inundados com anúncios que visam abocanhar o tão aguardado décimo terceiro salário, que é o maior responsável por este aquecimento. Este é na verdade uma forma de fazer o dinheiro circular, pois o capital sai das empresas para o assalariado, maior classe consumidora no país e volta para as mãos de outras empresas que produzem bens e serviços que este consome. O mercado imobiliário e o setor de construção comemoram altas vendas com o desejo de melhoria de vida e reformas de imóveis. O setor de turismo é beneficiado com a chegada do verão e o aumento do fluxo de turistas. É nesta hora que se destacam algumas agências de marketing no quesito criatividade. Compor o mix de marketing preocupando-se apenas com os 4Ps (produto, preço, praça e promoção) ainda é o mais comum, mas alguns inovam e aproveitam a alta circulação de consumidores nos pontos de venda para aumentar o poder da marca (branding). É uma ótima época para merchandising (como degustação no ponto de venda, por exemplo).
Para os profissionais da área, é uma boa oportunidade de monitorar o mercado e aprender o que funciona ou não. Porém, uma coisa deve ser levada em consideração; O aumento de circulação de capital no mercado é apenas um dos fatores a serem considerados. As variáveis culturais, sociais, econômicas e humanas devem ser levadas em conta e cada fim de ano pode ser completamente diferente do outro. Uma campanha pode não funcionar hoje, mas ser um enorme sucesso alguns anos depois. É por isso que não recomendamos em nossa agência que o planejamento de marketing seja inflexível no que diz respeito a sua execução ou que tenha um cronograma muito extenso. Preferimos lidar com ações planejadas pra curto e médio prazo. Quanto mais longo o planejamento, mais flexível este deve ser. Ajustes são inevitáveis e até salutares, porque o dinamismo do mundo de hoje não deixa o marketing a margem de mudanças.
De qualquer forma, as ações adotadas visando exclusivamente este consumidor mais capitalizado no fim de ano devem ser tratadas como eventuais ou sazonais e constar no planejamento de marketing e comunicação como apenas uma parte do todo. Lembremos que a empresa está aberta o ano inteiro e não seria nenhuma demonstração de saúde financeira depender desta época do ano para sua sobrevivência. Potencializar receita sim, mas tapar buraco nunca, sob pena da empresa não conhecer muitas primaveras.


sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Estratégia

Uma das empresas atendidas por minha agência, a D2 Marketing & comunicação, é uma grande escola de Aracaju (Coesi). Lá, mais que em qualquer outra empresa, percebemos a importância da adoção de uma estratégia no planejamento de marketing. Após o briefing elaborado em Julho deste ano, percebemos a necessidade de tornar a escola mais conhecida do público, uma vez que oferece serviços educacionais de primeira linha. A disparidade entre os serviços oferecidos e o recall na cabeça dos consumidores era enorme. Problemas como antigas campanhas com pouco planejamento, localização, e deficiência no marketing interno são os maiores desafios. Embora esteja localizada em bairro nobre, a empresa havia surgido em um conjunto residencial visto com ressalvas na época de sua criação e ainda era encarada como “escola de bairro” pela maior parte da população que a conhecia, mesmo passados 25 anos de sua fundação. Desde então, tem se preocupado em oferecer o que há de melhor em educação e sempre investiu pesado em qualificação, estrutura e tecnologia, mas só agora atentou para a importância de maiores investimentos em marketing.
O Colégio de Orientação e Estudos Integrados (Coesi) tem uma estrutura familiar, o que garante uma integração entre coordenadores e diretores, que têm sua formação direcionada pra a gestão da empresa desde o berço. Consideramos um ponto positivo o fato de ter pessoas que crescem conhecendo na prática o que verão na vida acadêmica.
O nosso primeiro passo foi atuar no endomarketing. Reunimos a equipe administrativa e de atendimento para salientar a importância da organização e da administração participativa. Uma pesquisa de clima organizacional foi conduzida para identificar problemas e sugestões surgiram a partir de seu resultado. As equipes de apoio foram treinadas e conscientizadas de seu papel na organização e todos foram informados dos objetivos e valores da empresa. Notamos que alguns colaboradores sequer sabiam quais eram a missão e visão da organização.
Feito isto, começamos a montar a estratégia para aumentar o recall da marca e fazê-la mais conhecida. Até então, a escola que sempre foi gerida por educadores de verdade, fazia uso de motes sensibilizadores, ficando a margem do marketing de guerrilha que vemos em outdoors e campanhas de outras escolas da região. Mas não podemos fugir de uma realidade, isto funcionava, e chegávamos então a nosso maior impasse. Como cativar clientes e conquistar novos, acostumados a uma verdadeira guerra entre escolas sem ferir a vontade dos gestores de manter este perfil sensibilizador que é parte inerente a imagem da empresa?
Criamos uma campanha dividida em duas partes; Um anúncio de capa e contracapa em um novo veículo de mídia chamado guia do estudante Sergipano e que teve uma ótima resposta frente ao público alvo e a promoção “test-drive”. Nesta promoção, o cliente pode ligar para escola e um Renault Scenic identificado por plotagens da promoção e com motorista uniformizado vai buscá-lo em sua casa e o leva de volta após uma visita guiada pela escola. Outdoors foram espalhados pela cidade com o convite sendo feito e fotos do veículo de portas abertas. Estimulamos nossos estudantes a participar da campanha com um incentivo para indicações e premiaremos os que conseguirem converter as indicações em matrículas com microcomputadores, que serão expostos no pátio da escola. Paralelamente, espalhamos outdoors em pontos chave da cidade com testemunhos e fotos de profissionais educadores que escolheram a escola, o que demonstra a qualidade reconhecida por pessoas ligadas à educação. Uma empresa especializada em distribuição de material gráfico foi contratada para cuidar da veiculação de um novo folder institucional, que diferentemente das demais escolas, trata de mostrar o que a escola oferece, mas, mantendo a linha lúdica, menos comercial.
Os resultados qualitativos já podem ser medidos pela ótima repercussão do plano de comunicação.
A estratégia adotada por qualquer agência nada mais é do que o entendimento entre as vontades do cliente e os caminhos encontrados pelo profissional do marketing pra atingir os objetivos. É importante não permitir que fatores como ego ou orgulho atrapalhem sua criação. De qualquer forma, como diz o capitão Nascimento no filme “Tropa de Elite”, estratégia é algo que merece nossa atenção e não se pode dormir no ponto neste assunto. A coisa toda pode ir pelos ares...