quarta-feira, 17 de outubro de 2007

MICO

Recebi alguns e-mails de leitores perguntando o porquê da demora em postar novos artigos (hoje fazem 8 dias desde a última postagem). Descobri que a velha máxima “Tu és eternamente responsável por aquilo que cativas” também vale para os bloggeiros e o mundo virtual. É muito bom saber disso.
Começo então este artigo pedindo desculpas pela demora e dizendo que esta foi em função de alguns projetos pessoais que exigem muito de minha atenção. Tentarei ao máximo manter minha regularidade na produção de novos textos.
Bem, no último fim de semana, tive a oportunidade de participar de um congresso aqui em Aracaju conhecido como “MICO” (Mídia e comunicação). Como qualquer outro congresso de comunicação, algumas palestras e oficinas agradaram mais que outras, mas dentre os palestrantes convidados podemos destacar a brilhante participação de sua grande maioria;
Lígia Bungestabs (Zaptmídia – Miami) deu uma verdadeira aula de planejamento e mostrou a tendência de algumas agências em focar seus serviços em apenas uma área da atividade, como planejamento, por exemplo, prestando serviços para outras agências sem aquele setor específico. Um compreensível processo de horizontalização. Seria o fim das agências plenas? Improvável.
Jota Erre Lima (Banco do Brasil - DF) deu um show falando sobre marketing para produtos de luxo e as nuances desse segmento. Foi uma palestra realmente interessante. Também pudera, a conta do BB é de alguns milhões, o cara sabe o que está falando. Tive a oportunidade de almoçar com ele no sábado, no hotel do evento pouco antes de seu “check out” e é claro que eu parecia mais uma esponja de idéias que qualquer outra coisa. Ele é uma pessoa muito acessível e troca informações numa boa.
Maurício Kubrusly (Globo-SP) mandou muito bem como sempre nos quesitos simpatia e cultura, mas parecia mais interessado em promover seu quadro “Me leva Brasil” no fantástico e seu livro homônimo. Foi ótimo pra descontrair, mas nada mais que isso.
Ricardo Piologo (Fábrica de quadrinhos – SP) nos mostrou a trajetória de seu site, o divertido “Mundo canibal” e de como foi difícil ser bem sucedido fazendo o que gosta; desenho animado. Mas ele poderia ter mostrado um pouco mais sobre técnicas em animação em flash. De qualquer forma valeu pela qualidade de seu trabalho e o fator motivador.
O jornalista José Antônio Ramalho (Folha de São Paulo) falou da importância da tecnologia no jornalismo de hoje e nos presenteou com relatos de matérias excelentes que fez ao redor do mundo e como a tecnologia o ajudou a trabalhar mesmo nos lugares mais inóspitos. O cara tem mais de cem (isso mesmo 100!) livros publicados nas áreas de informática, fotografia e jornalismo de aventura.
Guilherme Sebastiany (Sebastiany Design – SP) mostrou um conhecimento notável e uma palestra que apesar de bastante técnica se mostrava muito elucidativa sobre “branding”.
O encerramento não poderia ter sido melhor. Tivemos o privilégio de receber Roberto Dualibi (presidente da DPZ – SP), um dos maiores publicitários do país que comanda uma agência premiada internacionalmente. Ele nos falou sobre a importância da criatividade e da valorização do talento, além de nos mostrar em primeira mão alguns “cases” feitos para clientes da DPZ como Itaú e Bombril. O lado humano deste senhor que tem sua humildade diretamente proporcional a sua importância para a propaganda brasileira me surpreendeu por demais. Pequenas bolas de borracha foram atiradas para a platéia e premiavam com seu novo livro quem as pegasse. Uma delas garantia uma viagem para conhecer a DPZ com tudo pago e acompanhar o departamento de sua escolha por uma semana. A menina sentada a minha frente pegou esta bola... lembro que quando vi aquela maldita bola azul em minha frente quase embaixo dos meus pés pensei; “Já estou com a minha... deixa a garota pegar o livro dela...”(é claro que este era o anjinho em minha cabeça falando, porque o diabinho devia estar dormindo, sei lá.)
É meus amigos, às vezes o egoísmo premia... se arrependimento matasse... eu já teria reencarnado um MICO! (desculpem a piada, mas não resisti).
Enfim, o balanço do encontro foi positivo. Salvo algumas poucas falhas na organização e algumas palestras descafeinadas onde os convidados (que nem citei) estavam mais interessados em promover suas agências ou a si mesmos, o evento com certeza garantiu minha participação em edições futuras.
Quanto ao MICO, não paguei nenhum, mas aprendi que nem sempre se deve ouvir a consciência (diabinho dorminhoco FDP *! #*!%!).

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Olho por olho...

Estou aguardando o julgamento de uma ação que está em andamento desde o início de 2006 contra um plano de saúde do qual eu e meu filho somos clientes. Diz respeito a danos morais e ao ressarcimento de valores gastos com uma cirurgia de emergência no Rio de Janeiro no olho esquerdo de meu filho, hoje com 11 anos, em virtude de um acidente com vidro. O plano de saúde deu com os ombros e afirmou que ao invés de ouvir os especialistas que indicavam médicos e hospitais específicos para que meu filho não perdesse o olho, eu deveria consultar o caderninho de conveniados que eles deveriam ter enviado para minha casa. Mas após todo o estresse do processo e confiante no resultado, eu cheguei a uma conclusão. Não dá pra ser leniente com um serviço ou produto que desagrade. Isto já fez parte do perfil do brasileiro por tempo demais... Agora sou CONSUMERISTA!
Consumerismo é um movimento que, embora recente, tem raízes em acontecimentos passados. É a ação social permanente de grupos ou instituições que exprimem os interesses dos consumidores. Estes interesses são geralmente a preservação da qualidade e da autenticidade dos produtos. A expressão ganhou mais abrangência falando-se até em consumerismo ecológico e muitos o praticam sem conhecimento do termo. É o consumo ético. O consumidor tem conhecimento dos canais de produção, transformação, distribuição e consumo. Tudo isto é mediado com uma posição moral do ponto de vista social, econômico e assente na solidariedade e no respeito.
Falando do passado, o código de Hamurábi, no século XVIII antes de Cristo (é, aquele mesmo do “olho por olho e dente por dente”), embora abrangesse antigas leis, tinha em suas 282 cláusulas muitas referências ao que poderíamos chamar nos dias de hoje de direito do consumidor. Se sua casa tivesse um defeito de construção, o contratado para o serviço devia efetuar o conserto sem ônus para o proprietário. E caso houvesse um acidente em virtude do serviço prestado e o proprietário do imóvel perdesse um filho num desabamento, por exemplo, o filho do construtor devia ser sacrificado.
Muito diferente dos brutais excessos das punições corporais das leis mesopotâmicas Assírias, o nosso código de defesa do consumidor é, apesar de recente, o maior expoente deste movimento e um divisor de águas no direito e nas relações de consumo. Além de elogiado em todo o mundo, ele serviu de base para reformas legislativas em diversos países do Mercosul. A criação do Procon e dos juizados de pequenas causas também foram progressos importantes. Sentenças de danos morais que seriam impensadas a algumas décadas hoje são bem comuns. O consumidor brasileiro está mais exigente, mais crítico, mais consciente e como conseqüência imediata vemos uma melhora na produção de bens de consumo, na prestação de serviços e na propaganda.
Mesmo legalmente amparado e protagonista do movimento consumerista, o consumidor ainda tem o desafio de fazer diminuir a necessidade de se recorrer a órgãos de defesa de seus direitos e alcançar uma maior agilidade da justiça para que estes mesmos direitos sejam garantidos.
Em tempo; Meu filho passa bem e está se recuperando.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

O futuro da propaganda.

Até alguns séculos atrás a única forma de publicidade e propaganda de um produto ou serviço era o boca-a-boca. Dependíamos de indicações e da busca de novos clientes através de visitas que raramente eram feitas, pois o dono estava sempre tocando o negócio e força de vendas era algo que simplesmente não existia. A única propaganda consistia numa placa sobre a porta, fora da lojinha, ou o letreiro amadoramente pintado com as próprias mãos onde se lia “ferreiro” ou “costureira”.
Com a constatação de que existia a necessidade de publicidade e propaganda e a evolução das mesmas, surgiram formas de divulgar serviços e produtos. Cartazes, carros de som, merchandising, panfletos, placas, jornais, revistas, rádio, TV, outdoors, busdoors, folders, banners... e mais recentemente a internet. É claro que tudo isto está exemplificado de uma forma muito resumida, cronologicamente falando. Onde quer que olhemos somos bombardeados com informações que guiam nosso comportamento e a não ser que vivamos em uma aldeia totalmente isolada da civilização, somos influenciados por apelos de marcas que norteiam nossas prioridades enquanto seres consumidores.
Fica difícil prever onde vai parar a criatividade dos publicitários. Numa civilização que dobra seu conhecimento a cada 10 anos, a propaganda está em situação concomitante com os avanços na área de tecnologia e telecomunicações. A convergência de meios, como é o caso do aparelho celular, também promove uma corrida de criação de novas formas de atingir o consumidor mais diretamente. Este anda hoje com um meio ambulante de anúncios no bolso, que além de fazer chamadas telefônicas também é um organizador pessoal, tocador de MP3, câmera fotográfica e micro computador, podendo ser influenciado ao ligar o aparato ou consultar o saldo bancário. No elevador ele assiste a comerciais de escritórios de advocacia através de um minúsculo monitor de LCD, enquanto transita entre os andares de um prédio comercial. Assiste a jogos de futebol e vê anúncios que só existem pra os telespectadores, pois são gerados digitalmente. Quando loca um DVD e este é entregue em casa, o disco vem numa caixa de pizza e além de promover o prazer de um bom filme acaba dando uma fome... Isto sem falar nas ligações de operadores de telemarketing que possuem bola de cristal de última geração e conseguem seu número pessoal, lhe chamando pelo primeiro nome. Devido a esta diversidade ganhou importância um setor em agências de propaganda chamado de “Mídia”. O Mídia é responsável pelo contato com os diversos meios de comunicação bem como pela análise das necessidades do cliente e defesa de seus interesses frente a esses meios. É um setor sempre antenado com o mercado, suas novidades e é de fundamental importância em qualquer campanha.
O fato é que os meios mudam, se tornam mais efetivos, estimulam o consumo e transformam a sociedade. Por isso a propaganda é algo tão viciante para os estudantes e profissionais da área. Porque além de ser tão dinâmica, é cheia do novo, da transformação e criatividade, adquirindo para nós um status de arte. A propaganda vai ter sempre a inovação como aliada, pois sabe que o consumidor admira esta característica. Talvez até para inovar a expressão boca-a-boca ganhando novos nomes como “buzz marketing”.
Pode-se assim, ter certeza que os meios de propaganda de 10 anos atrás mudaram bastante. A maior característica desta “arte” é que ela já nos surpreende hoje, no presente, deixando a incerteza do que nos reserva o futuro...
Quanto à pergunta título do artigo, é muito fácil de responder;
Vai parar na cabeça do consumidor.