quinta-feira, 23 de agosto de 2007

As mil e uma noites.

Os ministros do Supremo Tribunal Federal se reúnem hoje (mais uma vez) para ouvir os advogados de defesa de alguns dos 40 acusados de envolvimento no esquema do mensalão, na denúncia do procurador da república Antônio Fernando de Souza. Marcos Valério, José Dirceu, Delúbio Soares, Roberto Jéferson e todo o bando (pelo menos os que apareceram nas investigações) estarão lá para explicar (kkkkk) os R$ 55 milhões de Reais arrecadados e distribuídos pelo grupo que é um exemplo de altruísmo.
Antes tarde do que nunca!
Não bastasse o fato de CPIs e discursos eticomoralistas não terem dado em nada, nos deixando com caras de palhaço, a simples demora para esta ocorrer é no mínimo estranha. Sem contar que boa parte dos ministros do supremo que aí estão foram nomeados neste governo. Não estou afirmando que existe uma teoria da conspiração, mas como “gato escaldado tem medo de água fria” está bem difícil distinguir a legítima boa vontade e profissionalismo da procuradoria da república de uma cortina de fumaça, em meio a tantos escândalos sucessivos.
A polícia federal até que tem feito seu trabalho, com alguns exageros truculentos é verdade, mas já deve estar com seu pessoal desmotivado por tanto esforço para grampear, investigar, prender e... então soltar! Banqueiro que comete crime contra a economia, ex-governador, socialite empresária do alto luxo, filhos da classe alta envolvidos com drogas... Tem de tudo um pouco. Mas o fato é que eles já sabem que não há nada que um bom advogado não resolva. Fica difícil acreditar na máxima de que o crime não compensa. Talvez se modificássemos um pouco a frase para... “O crime só compensa no Brasil!”... Pronto, agora está mais adequado.
Eu não conhecia Brasília até março de 2006 e devo confessar que ao passear pelos corredores do congresso ou pela arquibancada do senado federal fui tomado por um sentimento de megalomania (acho que este troço pega). Adoraria entrar para aquela vida, respirar poder e riqueza e ao mesmo tempo servir ao meu país, mas quando pensava no alto preço de me candidatar a qualquer coisa vinha o balde de água fria. Não estou falando de gastos de campanha, mas da reputação que construí com trabalho ao longo de anos e que desce pelo ralo instantaneamente quando se é candidato a um cargo público, em virtude da generalização da opinião popular de que todo político é ladrão. E quem pode ser culpado por pensar assim? É claro que existem pessoas no meio que honram as calças (ou saias) que vestem, mas estas são uma minoria sem expressão.
De qualquer forma, eu gostaria de voltar a Brasília antes da certa absolvição dos 40 ladrões ou do não acolhimento da denúncia por parte do supremo. Repetiria minha caminhada à praça dos três poderes e em frente a um garboso palácio com um laguinho artificial em frente e uma rampa enorme, concluiria minha visita. Disseram-me que não era permitida a entrada, mas acho que agora que sei as palavras mágicas não teria a mínima dificuldade para acalmar os dragões à porta; afinal, cresci ouvindo a estória que inspirou esse bando. Caso você leitor tenha a chance, não deixe de fazer isso e ali babar (desculpem, não resiti ao trocadilho); Ao pé da rampa diga bem alto; “Abre-te Sésamo!”

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