quarta-feira, 18 de julho de 2007

Cidade limpa, consciência pesada.


Chamado de “Cidade Limpa”, o projeto de lei do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, aprovado em Setembro de 2006, proíbe outdoors e painéis eletrônicos e limita as placas com o nome dos imóveis comerciais em estruturas de até quatro m². Além dos outdoors, ficam vetadas propagandas em ônibus, carros e motos; anúncios infláveis, faixas, avisos de liquidação em vitrines e anúncios nas laterais e nas coberturas de prédios, entre outros. Propagandas eleitorais serão permitidas de acordo com a lei federal, mas ficam proibidas em muros, por exemplo. A prefeitura alega que valia mais a pena abrir mão dos 3 milhões de Reais de receita anuais mas diminuir a poluição visual na cidade.A nova lei causou ao segmento a que se refere uma drástica mudança no que diz respeito ao visual da cidade.
Embora profissional da área e contrário a maneira como foi conduzido o processo de criação e aplicação da lei, de fato, a cidade está mais bonita. Seus prédios históricos e avenidas nunca foram tão evidentes.Os outdoors sempre foram mais que um meio de propaganda, mas por diversas vezes se aproximaram de verdadeiras obras de arte onde os “Picassos” da publicidade levavam a inspiração ao extremo.Quanto à propaganda, ela se transforma, se adapta e renasce numa reinvenção que é característica da criatividade dos reconhecidamente premiados publicitários brasileiros. Novas formas de chamar a atenção para este ou aquele produto e serviço serão adaptadas, ou até mesmo inventadas. Alguns setores sairão lucrando, como a mídia televisiva que engordará sua participação nas próximas campanhas, mas algo muito importante foi deixado de lado; As empresas e profissionais que dependiam exclusivamente desse tipo de propaganda. Empresas de milionário investimento em parques gráficos, montadores, coladores, divulgadores, vendedores, criadores... Todos se vêm sem rumo e praticamente sem aviso.
Por melhor que seja a intenção da lei ou o seu resultado, é uma irresponsabilidade não atentar para o lado social de suas conseqüências e não criar mecanismos que diminuam seus efeitos colaterais, como incentivo fiscal para diversificação das empresas ou capacitação para que os profissionais prejudicados possam mudar de área. Como São Paulo é referência para o restante do país em muitos aspectos, só nos resta esperar que caso a lei se propague, isso se dê de uma forma mais justa.

Um comentário:

Anônimo disse...

que bom que o blog voltou.parabéns pelo artigo.